Pantanal perdeu 78% de superfície de água nos últimos 30 anos

Foto: Chico Ribeiro/ Enfoque MS

Em 1992, o bioma registrou mais de 1,7 milhão de hectares de água. O número caiu drasticamente para 385 mil hectares em 2022

O Pantanal perdeu mais de 1,3 milhão de hectares de superfície de água nos últimos 30 anos. A maior planície alagável do mundo, com uma extensão de mais de 160 mil km², também foi o bioma que mais sofreu no último ano.

Para especialistas, esse cenário está associado principalmente ao desmatamento das nascentes e do curso dos rios, a eventos climáticos extremos, como as secas, e à ação antropológica.  

Os dados são do levantamento do MapBiomas Água, uma iniciativa multi-institucional, que envolve universidades, ONGs e empresas de tecnologia. O estudo leva em consideração os rios, os lagos, as represas e os reservatórios do país, monitorados pela ANA (Agência Nacional de Águas). 

Em 1992, o Pantanal registrava mais de 1,7 milhão de hectares de água. O número caiu drasticamente para 385 mil hectares em 2022, representando uma queda de 78%. Os dados apontam que as áreas com maiores perdas são as de alagamentos sazonais. 

“O Pantanal está ficando menos tempo inundado. Em 1985, ficava cerca de seis meses alagado. E agora, fica apenas de dois a três meses. Houve uma mudança no ciclo hídrico”, afirma Juliano Schirmbeck, coordenador técnico do MapBiomas Água. 

O pesquisador explica que as principais nascentes que abastecem os rios do Pantanal estão localizadas no Cerrado, por isso a falta de preservação e restauração dessas áreas influenciam diretamente a Bacia do Paraguai.

Em 2022, a superfície de água anual do Pantanal aumentou pela primeira vez desde 2018. Entretanto, o bioma passa por um período de seca: a diferença da superfície de água com a média da série histórica é de 60,1%.

De acordo com Helga Côrrea, especialista em Conservação do WWF-Brasil (World Wide Fund for Nature), as principais causas da redução da superfície hidríca em um bioma estão associadas à quantidade de água e à capacidade de retenção do ecossistema.

Para Côrrea, tanto o desmatamento das nascentes quanto do próprio Pantanal comprometem muito o funcionamento do bioma com o assoreamento dos rios e a qualidade da água. 

Seguindo essa tendência, o município de Corumbá (MS), conhecido como a capital do Pantanal, registrou a maior perda de superfície de água anual no Brasil, segundo os dados do MapBiomas. Em comparação com a média histórica de 479.961 hectares, a cidade perdeu 259.684 hectares de água.

Questionada sobre a influência da agropecuária no Pantanal, a especialista em Conservação do WWF-Brasil reiterou que qualquer atividade humana que tenha contribuído para o desmatamento tem relação com a diminuição da quantidade de água, e não apenas o agronegócio.

Brasil

Desde 2000, a área de superfície de água no Brasil está em queda, porém no último ano registrou um aumento de 10% (18,22 milhões de hectares). Apesar da recuperação de 1,7 milhão de hectares, o ano de 2022 foi uma exceção, e o cenário não deve se repetir.

De acordo com Juliano Schirmbeck, essa mudança foi motivada exclusivamente por fatores climáticos como o fenômeno do El Niña, que provocou o aumento no volume de chuvas no Norte e Nordeste, e a seca e temperaturas elevadas na região Sul. 

Analisando todo o território brasileiro, 17% teve ganho de superfície de água e 21% teve ganho. O coordenador técnico do MapBiomas Água ressalta que as áreas de ganho estão associadas a ações antropológicas como as regiões com hidrelétricas, represas para irrigação e consumo humano. Em contrapartida, os ambientes naturais estão secando.

Por: Enfoque MS

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